terça-feira, 11 de janeiro de 2011

DIÁRIO DO FUTURO

DIÁRIO DO FUTURO
Porto Alegre, XX/YY/2011

Ontem os 50.000 torcedores que lotaram o Estádio Olímpico Monumental presenciaram um grande jogo. Grêmio e Flamengo protagonizaram uma das partidas mais esperadas do ano, e não fizeram feio.
Muitos duvidavam que Ronaldinho estivesse em campo. Gremistas não acreditavam que o desafeto aguentaria a pressão, imaginavam que simulasse lesão. Mas se enganaram: Ronaldinho esteve em campo ostentando a camisa 10 rubro-negra. Foi o tempero especial desse duelo que já tinha tudo para ser eletrizante.
A peleia começou bem antes de o juiz apitar. Depois das execuções dos hinos Brasileiro e Rio Grandense, a equipe do Flamengo fez a tradicional fila para cumprimentar o trio de arbitragem e os atletas do time local. Nenhum jogador do Grêmio estendeu a mão para Ronaldinho, que ficou visivelmente constrangido, nervoso e desconcertado.
Ao chegar ao último homem gremista, Paulão, Ronaldinho é surpreendido com uma mão estendida. Ele cumprimenta o zagueiro gremista que, enquanto aperta forte sua mão, diz em seu ouvido:
 “- Acabei de coçar o saco. Por dentro do calção. Sabe como é, micose”.
Ronaldinho sai limpando as mãos no calção, camisa, esfregando na grama. A cena fica esquisita, ninguém entende direito. Os dois times começam a aquecer com a bola: últimos piques, últimos chutes.
Adilson encosta em Ronaldinho e banca o tiete, dizendo que o viu surgir no Grêmio e torcia muito por ele na época. Ronaldo agradece, e Adilson completa dizendo que também é gaúcho, têm isso em comum. Ronaldinho apenas sorri. Adilson segue conversando enquanto os dois alongam e aquecem:
A: – Cara, sou jovem ainda, talvez um dia vá pra Europa. Lá rola muita grana mesmo?
Ronaldinho, meio desconfiado com a aproximação do jovem, que foi um dos que não o cumprimentou, responde meio sem jeito, quase sem olhar em seu olho:
R: – Bah, pode ter certeza que sim.
A: – Então tu tem muito dinheiro, pode dizer, tem, né?
R: – Hehehe, é, to tranquilo, deu pra juntar bastante.
A: – Um dia eu vou querer juntar fortuna também, viver tranquilo, podendo gastar bastante e comprar o que quiser, como tu.
R: – Tu chega lá sim, pode crer, hehe.
O árbitro manda Adilson voltar pro seu campo, onde o elenco gremista já se reúne para as tradicionais últimas palavras de ordem. Olímpico vai abaixo com os 11 tricolores abraçados, em círculo, vibrantes, gritando.
Começa a partida. Flamengo com a bola. Ela chega em Ronaldinho e o Olímpico não desaba em vaia: é um urro mesmo. Maior que vaia. É o maior bullying que o futebol já viu. O estrondo que paira sobre a Azenha é ouvido nas cercanias de Florianópolis, juram alguns gremistas de Santa Catarina. Ronaldo sente o baque. Nunca foi seu forte crescer na pressão, fora de casa, quando o bicho pega. O camisa 10 do Flamengo fica visivelmente atormentado, tenta um passe simples e a bola sai pela linha lateral. Olímpico quase vai abaixo literalmente. Sorte que a Arena tá encaminhada.
Aos 37 do primeiro tempo o menino Pessali cruza com perfeição, Jonas de voleio guarda: 1×0. Festa azul em Porto Alegre. Ronaldinho mal encosta na bola até então. Aos 42 ele dispara pela esquerda , ao som de vaias estrondosas, como sempre, e Rochemback chega lavrando o relvado e as canelas do dentuço. Ronaldinho cai nas placas publicitárias, Olímpico entra em colapso, juiz dá lateral. Pro Grêmio.
Na segunda etapa o Flamengo entra melhor, levando maiores perigos ao gol de Victor. Aos 14 minutos empatam. Léo Moura aproveita bola na área que sobra pra ele e não perdoa. Geral do Grêmio inflama, como é de costume. Olímpico cresce em apoio. Mesmo assim Flamengo segue mais esperto do que na primeira etapa.
Falta para o rubro-negro na entrada da área, 34 minutos da segunda etapa. Ronaldinho ajeita a bola. Gremistas de Curitiba juram que escutam as vaias vindas do Olímpico. Tensão total. Bola no ângulo: Victor busca com maestria e sai vibrando e batendo no peito. Estádio inteiro pula. Começa a cair farelo de cimento do anel superior. Grêmio retoma o controle da partida. Diretor da OAS ordena que acelerem obras da Arena.
Douglas dribla três adversários, e em jogada épica põe o time da casa na frente mais uma vez: 2×1 para o Grêmio. Torcida delira com seu camisa 10. Mano Menezes vê tudo dos camarotes e aplaude.
Ronaldinho resolve jogar. Vai pra cima. Na primeira investida consegue driblar um e perde pro segundo. Na segunda investida tenta driblar Paulão e quase perde a vida. O zagueiro gremista opera a perna de Ronaldinho, que cai estatelado no chão, gemendo de dor. Olímpico em festa. Paulão recebe amarelo. Flamenguistas protestam com árbitro: queriam o vermelho.
Não dá mais pra Ronaldinho. Será substituído. Sai de campo chorando. Olímpico se mistura entre vaia e festa. Descontrole total. Enquanto o colocam no carro-maca, Adilson se aproxima de Ronaldinho e diz:
A: – Hey, Ronaldo. Eu consigo andar de cabeça erguida aqui, na terra em que nasci e me criei. Compra isso com tua grana.
Ronaldinho fica 6 meses afastado dos gramados. STJD irá julgar Paulão, mesmo tendo tomado só amarelo, e poderá puni-lo com uns 6 jogos, provavelmente. O árbitro também deverá ser punido.
Antes de acabar a partida o Diego Clementino entrou e fez o dele, mas isso nem é preciso dizer, é meio lógico. Final: 3×1 para o Grêmio e torcida gremista de alma lavada.
_______________________________________________________________________
Texto criado pelo Blog Tricolor

3 comentários:

  1. gostei do "Hey, Ronaldo. Eu consigo andar de cabeça erguida aqui, na terra em que nasci e me criei. Compra isso com tua grana."
    kk

    ResponderExcluir
  2. podre --' eu torço pro atletico mineiro.. haushausahush

    ResponderExcluir